Nova pesquisa australiana mostra que adolescentes que passam muito tempo conectados correm o risco de desenvolver depressão.
Desde a década de 90, o uso descontrolado e insensato da internet tem sido identificado como um problema com sinais parecidos a outros vícios. Segundo pesquisadores australianos, o uso patológico da internet está sendo ligado a problemas de relacionamento e saúde, a comportamento agressivo e a outros sintomas psiquiátricos.
“Os pais devem manter-se vigilantes quanto ao comportamento online de seus filhos”, disse Lawrence T. Lam, pesquisador da School of Medicine, de Sidney, e da University of Notre Dame, que lidera o estudo. “Caso haja qualquer preocupação em relação aos jovens envolvendo comportamento problemático ao usar a internet, ajuda profissional deve ser procurada imediatamente”.
Lam afirma que este tipo de comportamento pode ser uma manifestação de problemas mais traiçoeiros que estão escondidos. “Com base nos resultados do estudo, mesmo jovens em bom estado de saúde mental podem sucumbir a uma depressão depois de um longo período de exposição ao uso problemático da internet. Para aqueles que já têm um histórico de problemas psicológicos ou psiquiátricos, as consequências mentais do uso problemático da internet podem ser ainda mais nocivas”.
O relatório foi na publicado na edição online de 2 de agosto da revista especializada Archives of Pediatrics & Adolescent Medicine, em uma prévia da edição impressa de outubro.
Para o estudo, Lam e seu colega Zi-Wen Peng, da SunYat-Sen University in Guangzhou e do Ministério da Educação da China, coletaram dados sobre o uso patológico da internet de 1.041 adolescentes chineses de 13 a 18 anos de idade. Lam e Peng realizaram testes de depressão e ansiedade nos adolescentes, além de aplicar questionários sobre o uso patológico da internet e comportamentos comuns relacionados a vícios.
No estudo, os pesquisadores classificaram 6,2% dos adolescente com nível moderado de problema patológicos relacionados ao uso da internet e 0,2% com sérios riscos. Nove meses depois, os adolescentes foram reavaliados em relação à depressão e à ansiedade. Os pesquisadores constataram que 0,2% tinham sintomas de ansiedade e 8,4% desenvolveram depressão.
Lam e Peng descobriram que o risco de desenvolver depressão foi 2,5 vezes mais alto dentre os adolescentes dependentes da internet. Entretanto, os pesquisadores notaram que não houve uma associação entre o uso patológico da internet e a ansiedade.
“O estudo tem uma implicação direta na prevenção de doenças mentais nos jovens. Os resultados indicaram que os jovens que usam a internet de forma patológica correm mais riscos de desenvolver problemas mentais e poderão desenvolver depressão ao continuar com tal comportamento”, comentou Lam.
O pesquisador também afirmou que a prevenção e a intervenção em estágios iniciais, com alvo em grupos com fatores de risco identificados, são eficazes na redução do sofrimento causado pela depressão dentre os jovens. “Avaliações individuais de jovens em risco no ambiente escolar poderiam ser consideradas medidas preventivas eficazes. Portanto, um programa de avaliação sobre o uso patológico da internet em todas as escolas, visando identificar os indivíduos em risco para tratamento e aconselhamento em estágios iniciais, também seria algo a ser pensado”.
Círculos de relacionamento
Michael Gilbert, professor assistente sênior do Centro do Futuro Digital da Annenberg School for Communication da University of Southern California, disse que “não é nada revolucionário pensar que os jovens ficam ligados na internet e isso pode levar a certos tipos de comportamento psicológico”.
Para Gilbert, a questão que permanece é se os adolescentes que desenvolveram depressão corriam tal risco antes de se tornarem viciados na internet. Além disso, se eles também corriam riscos de desenvolver outros comportamentos relacionados a vícios. “Pais relatam que grande parte dos círculos de relacionamentos de seus filhos está diminuindo por eles passarem tanto tempo na internet. Esse fato geralmente está relacionado com a noção de que o comportamento na internet está se tornando prejudicial para a família”.
Gilbert diz que passar um tempo excessivo conectado na internet é um “processo de dependência”, como os jogos de azar e a pornografia. “Ainda vamos ver mais problemas como este, e eles são ainda mais agudos quando os jovens estão lutando para definir suas circunstâncias sociais”.
Na opinião do pesquisador, o mais importante para os pais é que monitorem os filhos quanto ao tempo e ao conteúdo acessado na internet. “A tecnologia muda, os meios de comunicação mudam, mas a questão é sempre a mesma: a verificação do controle dos pais quanto ao comportamento dos filhos e seu monitoramento”.
Fonte:New York Times | 09/08/2010/ IG notícias.
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