segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Pais devem ser estimulados a cuidar dos recém nascidos, dizem especialistas.

Aumentou número de famílias monoparentais, em que o pai, exclusivamente, cuida dos filhos.

Os homens deveriam poder acompanhar mais seus filhos recém-nascidos nos serviços de saúde. Quem alerta são mulheres especialistas em questões de gênero e de família. Na opinião delas, é limitado o acesso dos pais no atendimento pré-natal e nos cuidados com os recém-nascidos na rede hospitalar.

— Por que os serviços de saúde não trazem os homens mais para perto? — indaga Inês Hennigen, professora do programa de pós-graduação em Psicologia Social e Institucional da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Segundo ela, docentes e diretores aceitam, comparativamente mais, a presença cotidiana dos pais na escola do que médicos e atendentes nos hospitais. A gerente de projetos da Secretaria de Políticas das Mulheres, Luana Pinheiro, assinala que os pais, no Brasil, já deveriam gozar de um prazo maior de licença-paternidade (hoje, de cinco dias) para cuidar dos bebês, ou até mesmo poder alternar a licença com a mãe (licença parental).

— O problema é a estrutura que reproduz comportamentos que já não cabem nos modelos não tradicionais de família que temos agora — constata.

— Isso acontece porque esse padrão tradicional está consolidado. A sociedade ainda reconhece o papel do pai ainda muito distante dos filhos — acrescenta Malu Moura, do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) e do Conselho Federal de Psicologia.

— As mulheres também têm que envolver mais os pais nos cuidados com os filhos. E os pais devem assumir mais tarefas — recomenda.

"Ter dois é melhor do que um", contabiliza a professora Inês Hennigen, para quem os pais, como as mães, servem de "referência, parâmetros ou possibilidades de manobra".
Segundo ela, as crianças são formadas a partir de "diversas interfaces" e é positivo que "os pais também sejam reconhecidos pelo carinho, acolhimento e capacidade de negociar".

Além da questão afetiva, o acesso dos pais ao cuidado dos filhos desde o pré-natal tornou-se uma necessidade para a sociedade.

— As relações sociais mudaram. Não temos uma economia que depende só dos homens — lembrou a acadêmica.

De acordo com os dados do IBGE, que constam da Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar, o número de famílias em que as mulheres são chefes e que têm a presença dos pais aumentou de 2,4%, em 1998, para 9,1%, em 2008. Também aumentou mais recentemente o número de famílias monoparentais, em que o pai, exclusivamente, cuida dos filhos, de 2,1%, em 1993, para 3%, em 2007.

Em maio desse ano, a Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que aumenta a licença-paternidade para 15 dias. Além desse projeto, cerca de uma dezena de propostas tramitam no Congresso Nacional redefinindo o prazo da licença para o pai.

No final do mês passado, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) promoveu um evento em Brasília onde defendeu-se uma mudança na legislação trabalhista para permitir que os pais cuidem mais dos filhos.

— Algumas políticas públicas e a legislação ainda tratam as mulheres como cuidadoras. É preciso reconhecer que homens e mulheres têm direitos iguais no mundo do trabalho e na relação familiar. O cuidado dos filhos não é apenas uma responsabilidade, mas um direito, que também é dos pais — apontou a diretora da OIT no Brasil, Laís Abramo.

Fonte:ClicRBS - BEM ESTAR/AGÊNCIA BRASIL

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Aumentou número de famílias monoparentais, em que o pai, exclusivamente, cuida dos filhos.

Os homens deveriam poder acompanhar mais seus filhos recém-nascidos nos serviços de saúde. Quem alerta são mulheres especialistas em questões de gênero e de família. Na opinião delas, é limitado o acesso dos pais no atendimento pré-natal e nos cuidados com os recém-nascidos na rede hospitalar.

— Por que os serviços de saúde não trazem os homens mais para perto? — indaga Inês Hennigen, professora do programa de pós-graduação em Psicologia Social e Institucional da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Segundo ela, docentes e diretores aceitam, comparativamente mais, a presença cotidiana dos pais na escola do que médicos e atendentes nos hospitais. A gerente de projetos da Secretaria de Políticas das Mulheres, Luana Pinheiro, assinala que os pais, no Brasil, já deveriam gozar de um prazo maior de licença-paternidade (hoje, de cinco dias) para cuidar dos bebês, ou até mesmo poder alternar a licença com a mãe (licença parental).

— O problema é a estrutura que reproduz comportamentos que já não cabem nos modelos não tradicionais de família que temos agora — constata.

— Isso acontece porque esse padrão tradicional está consolidado. A sociedade ainda reconhece o papel do pai ainda muito distante dos filhos — acrescenta Malu Moura, do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) e do Conselho Federal de Psicologia.

— As mulheres também têm que envolver mais os pais nos cuidados com os filhos. E os pais devem assumir mais tarefas — recomenda.

"Ter dois é melhor do que um", contabiliza a professora Inês Hennigen, para quem os pais, como as mães, servem de "referência, parâmetros ou possibilidades de manobra".
Segundo ela, as crianças são formadas a partir de "diversas interfaces" e é positivo que "os pais também sejam reconhecidos pelo carinho, acolhimento e capacidade de negociar".

Além da questão afetiva, o acesso dos pais ao cuidado dos filhos desde o pré-natal tornou-se uma necessidade para a sociedade.

— As relações sociais mudaram. Não temos uma economia que depende só dos homens — lembrou a acadêmica.

De acordo com os dados do IBGE, que constam da Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar, o número de famílias em que as mulheres são chefes e que têm a presença dos pais aumentou de 2,4%, em 1998, para 9,1%, em 2008. Também aumentou mais recentemente o número de famílias monoparentais, em que o pai, exclusivamente, cuida dos filhos, de 2,1%, em 1993, para 3%, em 2007.

Em maio desse ano, a Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que aumenta a licença-paternidade para 15 dias. Além desse projeto, cerca de uma dezena de propostas tramitam no Congresso Nacional redefinindo o prazo da licença para o pai.

No final do mês passado, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) promoveu um evento em Brasília onde defendeu-se uma mudança na legislação trabalhista para permitir que os pais cuidem mais dos filhos.

— Algumas políticas públicas e a legislação ainda tratam as mulheres como cuidadoras. É preciso reconhecer que homens e mulheres têm direitos iguais no mundo do trabalho e na relação familiar. O cuidado dos filhos não é apenas uma responsabilidade, mas um direito, que também é dos pais — apontou a diretora da OIT no Brasil, Laís Abramo.

Fonte:ClicRBS - BEM ESTAR/AGÊNCIA BRASIL