JORNAL DO COMERCIO
Por mais de um ano, a equipe de infectologia do Hospital Conceição de Porto Alegre levantou informações sobre as gestantes que apresentaram teste negativo de HIV e seus companheiros. O estudo resultou em uma descoberta que surpreendeu os médicos. Pelo menos 2,5% dos homens pesquisados estavam contaminados.
Esse resultado foi possível de ser identificado graças ao Tri Pai, nome que está sendo dado ao teste rápido para o pai, que procura oferecer o serviço preventivo aos homens. A descoberta acende uma luz de alerta para algo simples que vinha sendo esquecido: a inclusão dos homens na relação de exames pré-natais. Esses exames já são oferecidos a gestantes em qualquer posto de saúde.
Em oito casos, entre os 1,6 mil casais avaliados pela equipe coordenada pelos médicos Breno Riegel Santos, Marineide Melo Rocha, Ivana Varella e Ivete Canti, os homens estavam infectados pelo HIV. Todos eles declararam que não sabiam que eram soropositivos.
"Se a mulher contrair o HIV durante a gravidez, ela adquiriu do parceiro e isso ocorreu porque tanto ela quanto o próprio homem não sabiam que ele estava com o vírus. E isso ocorreu porque ele não foi testado. Temos de oferecer o teste para o parceiro também. O pré-natal tem de ser para o casal", afirma Santos, chefe do Serviço de Infectologia do Hospital Conceição.
Segundo os médicos, a informação também auxilia na prevenção. Há três anos, apenas 40% dos abordados aceitavam fazer o teste para diagnosticar o HIV. Hoje, o índice é de 66%, mas a meta é trabalhar para atingir 75%. O exame que detecta o vírus é simples e pode ser feito em menos de 20 minutos. Um pingo de sangue numa fita com reagente já apresenta o resultado.
Outro dado preocupante reforça a necessidade de uma atenção especial para os companheiros: 75% das gestantes entrevistadas revelaram que não utilizam preservativos com os companheiros nas relações sexuais. Um risco principalmente para a criança, que pode ser contaminada durante a gestação e a amamentação. Para a mulher que adquire a doença ao longo da gravidez, a chance de a criança nascer soropositiva é 35% maior do que naquelas mães que já identificam a doença antes de engravidar.
Segundo a equipe responsável pela pesquisa, o estudo foi recebido com surpresa pela comunidade médica durante uma apresentação em um congresso internacional de infectologia, pela simplicidade da constatação, que alerta para uma importante porta de transmissão da doença que não está sendo protegida. "Colegas nos abordavam e diziam: ‘Como é que nunca pensamos nisso antes? Estava na nossa cara e não víamos!' Isso mostra como esse estudo tem uma grande importância epidemiológica para a saúde pública. Temos o maior interesse de que isso seja amplamente divulgado para que as políticas públicas passem a incluir o pré-natal para o casal", afirma a infectologista Marineide.
Santos destaca a dificuldade que o homem tem para fazer o teste preventivo. "Já é difícil o homem se conscientizar em fazer o exame do HIV. Quando toma a decisão, precisa ir a um posto pelo menos cinco vezes, desde a retirada da ficha para a realização do procedimento até o retorno ao médico com o resultado. Já a mulher, no pré-natal, tem esses serviços muito mais facilmente. O casal, recebendo atenção em conjunto, garante a saúde do bebê", enfatiza Santos.
Para o médico, a não disponibilização do teste rápido para os parceiros das gestantes é um absurdo. "Até agora não fomos procurados por ninguém do Ministério da Saúde. Esperamos que, através da impressa, esses dados cheguem aos ouvidos dos gestores. Hoje o ginecologista não pode pedir um teste para o homem. Isto não tem cabimento, principalmente aqui em Porto Alegre, onde temos os maiores índices de contaminação pelo HIV do País. O teste rápido custa R$ 5,00. O custo não é um problema. O problema é a falta de vontade política", ressalta.
A Organização Mundial da Saúde determina que o exame HIV/Aids seja oferecido a todas as mães pelos médicos. Essa política é seguida pelo Ministério da Saúde. O objetivo é incentivar que a prevenção alcance toda a população.
Por mais de um ano, a equipe de infectologia do Hospital Conceição de Porto Alegre levantou informações sobre as gestantes que apresentaram teste negativo de HIV e seus companheiros. O estudo resultou em uma descoberta que surpreendeu os médicos. Pelo menos 2,5% dos homens pesquisados estavam contaminados.
Esse resultado foi possível de ser identificado graças ao Tri Pai, nome que está sendo dado ao teste rápido para o pai, que procura oferecer o serviço preventivo aos homens. A descoberta acende uma luz de alerta para algo simples que vinha sendo esquecido: a inclusão dos homens na relação de exames pré-natais. Esses exames já são oferecidos a gestantes em qualquer posto de saúde.
Em oito casos, entre os 1,6 mil casais avaliados pela equipe coordenada pelos médicos Breno Riegel Santos, Marineide Melo Rocha, Ivana Varella e Ivete Canti, os homens estavam infectados pelo HIV. Todos eles declararam que não sabiam que eram soropositivos.
"Se a mulher contrair o HIV durante a gravidez, ela adquiriu do parceiro e isso ocorreu porque tanto ela quanto o próprio homem não sabiam que ele estava com o vírus. E isso ocorreu porque ele não foi testado. Temos de oferecer o teste para o parceiro também. O pré-natal tem de ser para o casal", afirma Santos, chefe do Serviço de Infectologia do Hospital Conceição.
Segundo os médicos, a informação também auxilia na prevenção. Há três anos, apenas 40% dos abordados aceitavam fazer o teste para diagnosticar o HIV. Hoje, o índice é de 66%, mas a meta é trabalhar para atingir 75%. O exame que detecta o vírus é simples e pode ser feito em menos de 20 minutos. Um pingo de sangue numa fita com reagente já apresenta o resultado.
Outro dado preocupante reforça a necessidade de uma atenção especial para os companheiros: 75% das gestantes entrevistadas revelaram que não utilizam preservativos com os companheiros nas relações sexuais. Um risco principalmente para a criança, que pode ser contaminada durante a gestação e a amamentação. Para a mulher que adquire a doença ao longo da gravidez, a chance de a criança nascer soropositiva é 35% maior do que naquelas mães que já identificam a doença antes de engravidar.
Segundo a equipe responsável pela pesquisa, o estudo foi recebido com surpresa pela comunidade médica durante uma apresentação em um congresso internacional de infectologia, pela simplicidade da constatação, que alerta para uma importante porta de transmissão da doença que não está sendo protegida. "Colegas nos abordavam e diziam: ‘Como é que nunca pensamos nisso antes? Estava na nossa cara e não víamos!' Isso mostra como esse estudo tem uma grande importância epidemiológica para a saúde pública. Temos o maior interesse de que isso seja amplamente divulgado para que as políticas públicas passem a incluir o pré-natal para o casal", afirma a infectologista Marineide.
Santos destaca a dificuldade que o homem tem para fazer o teste preventivo. "Já é difícil o homem se conscientizar em fazer o exame do HIV. Quando toma a decisão, precisa ir a um posto pelo menos cinco vezes, desde a retirada da ficha para a realização do procedimento até o retorno ao médico com o resultado. Já a mulher, no pré-natal, tem esses serviços muito mais facilmente. O casal, recebendo atenção em conjunto, garante a saúde do bebê", enfatiza Santos.
Para o médico, a não disponibilização do teste rápido para os parceiros das gestantes é um absurdo. "Até agora não fomos procurados por ninguém do Ministério da Saúde. Esperamos que, através da impressa, esses dados cheguem aos ouvidos dos gestores. Hoje o ginecologista não pode pedir um teste para o homem. Isto não tem cabimento, principalmente aqui em Porto Alegre, onde temos os maiores índices de contaminação pelo HIV do País. O teste rápido custa R$ 5,00. O custo não é um problema. O problema é a falta de vontade política", ressalta.
A Organização Mundial da Saúde determina que o exame HIV/Aids seja oferecido a todas as mães pelos médicos. Essa política é seguida pelo Ministério da Saúde. O objetivo é incentivar que a prevenção alcance toda a população.
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Por mais de um ano, a equipe de infectologia do Hospital Conceição de Porto Alegre levantou informações sobre as gestantes que apresentaram teste negativo de HIV e seus companheiros. O estudo resultou em uma descoberta que surpreendeu os médicos. Pelo menos 2,5% dos homens pesquisados estavam contaminados.
Esse resultado foi possível de ser identificado graças ao Tri Pai, nome que está sendo dado ao teste rápido para o pai, que procura oferecer o serviço preventivo aos homens. A descoberta acende uma luz de alerta para algo simples que vinha sendo esquecido: a inclusão dos homens na relação de exames pré-natais. Esses exames já são oferecidos a gestantes em qualquer posto de saúde.
Em oito casos, entre os 1,6 mil casais avaliados pela equipe coordenada pelos médicos Breno Riegel Santos, Marineide Melo Rocha, Ivana Varella e Ivete Canti, os homens estavam infectados pelo HIV. Todos eles declararam que não sabiam que eram soropositivos.
"Se a mulher contrair o HIV durante a gravidez, ela adquiriu do parceiro e isso ocorreu porque tanto ela quanto o próprio homem não sabiam que ele estava com o vírus. E isso ocorreu porque ele não foi testado. Temos de oferecer o teste para o parceiro também. O pré-natal tem de ser para o casal", afirma Santos, chefe do Serviço de Infectologia do Hospital Conceição.
Segundo os médicos, a informação também auxilia na prevenção. Há três anos, apenas 40% dos abordados aceitavam fazer o teste para diagnosticar o HIV. Hoje, o índice é de 66%, mas a meta é trabalhar para atingir 75%. O exame que detecta o vírus é simples e pode ser feito em menos de 20 minutos. Um pingo de sangue numa fita com reagente já apresenta o resultado.
Outro dado preocupante reforça a necessidade de uma atenção especial para os companheiros: 75% das gestantes entrevistadas revelaram que não utilizam preservativos com os companheiros nas relações sexuais. Um risco principalmente para a criança, que pode ser contaminada durante a gestação e a amamentação. Para a mulher que adquire a doença ao longo da gravidez, a chance de a criança nascer soropositiva é 35% maior do que naquelas mães que já identificam a doença antes de engravidar.
Segundo a equipe responsável pela pesquisa, o estudo foi recebido com surpresa pela comunidade médica durante uma apresentação em um congresso internacional de infectologia, pela simplicidade da constatação, que alerta para uma importante porta de transmissão da doença que não está sendo protegida. "Colegas nos abordavam e diziam: ‘Como é que nunca pensamos nisso antes? Estava na nossa cara e não víamos!' Isso mostra como esse estudo tem uma grande importância epidemiológica para a saúde pública. Temos o maior interesse de que isso seja amplamente divulgado para que as políticas públicas passem a incluir o pré-natal para o casal", afirma a infectologista Marineide.
Santos destaca a dificuldade que o homem tem para fazer o teste preventivo. "Já é difícil o homem se conscientizar em fazer o exame do HIV. Quando toma a decisão, precisa ir a um posto pelo menos cinco vezes, desde a retirada da ficha para a realização do procedimento até o retorno ao médico com o resultado. Já a mulher, no pré-natal, tem esses serviços muito mais facilmente. O casal, recebendo atenção em conjunto, garante a saúde do bebê", enfatiza Santos.
Para o médico, a não disponibilização do teste rápido para os parceiros das gestantes é um absurdo. "Até agora não fomos procurados por ninguém do Ministério da Saúde. Esperamos que, através da impressa, esses dados cheguem aos ouvidos dos gestores. Hoje o ginecologista não pode pedir um teste para o homem. Isto não tem cabimento, principalmente aqui em Porto Alegre, onde temos os maiores índices de contaminação pelo HIV do País. O teste rápido custa R$ 5,00. O custo não é um problema. O problema é a falta de vontade política", ressalta.
A Organização Mundial da Saúde determina que o exame HIV/Aids seja oferecido a todas as mães pelos médicos. Essa política é seguida pelo Ministério da Saúde. O objetivo é incentivar que a prevenção alcance toda a população.