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sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Célula-tronco do dente de leite pode tratar lesão ocular, aponta estudo.

A partir de setembro, a técnica começará a ser testada em humanos.

Células-tronco originárias da polpa do dente de leite podem curar deficiências visuais. É o que mostra a pesquisa realizada pela biomédica Bábyla Geraldes Monteiro, do Instituto Butantan. O trabalho avaliou a eficácia da atividade de células-tronco retiradas da parte interna de dentes de leite ao tratar uma lesão na região límbica dos olhos de coelhos.

— É o espaço entre a parte colorida e a parte branca do globo ocular — explica a pesquisadora.

O procedimento adotado busca reconstruir a córnea para, assim, restaurar a visão.

A partir de setembro, a técnica começará a ser testado em humanos, em parceria com o Instituto da Visão da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Em um primeiro momento os testes serão aplicados em um grupo de pacientes voluntários que já passaram por cirurgia e não obtiveram resultados satisfatórios, não podem receber enxertos de tecido e não apresentam quadro infeccioso. Os testes devem demorar seis meses e, caso a técnica apresente resultados satisfatórios, poderá ser disponibilizada para a população.

A técnica desenvolvida pela biomédica está descrita na dissertação de mestrado Estudo da Plasticidade das Células tronco de Polpa Dentária: Diferenciação e Caracterização para Células do Epitélio Corneano in vitro e in vivo, apresentada por Bábyla ao Programa de Pós-Graduação Interunidades em Biotecnologia (USP/IPT/Instituto Butantan). O trabalho foi premiado durante o congresso oftalmológico Pan-American Research Day – ARVO Annual Meeting, realizado neste ano em Fort Lauderdale, Flórida.

A pesquisa, feita com coelhos, partia da indução de uma lesão clínica no animal. Essa lesão é perceptível quando, na superfície do olho lesionado, enxerga-se uma marca esbranquiçada. Para tentar curá-la ou atenuá-la, as células da polpa dos dentes foram cultivadas dentro de uma estufa, com um polímero biodegradável que reagia à variação de temperatura. Ao retirar essas células do calor, a temperatura do conjunto diminuía e o polímero se soltava da placa de cultura, com as células-tronco aderidas a ele.

— Assim, era possível transferir essa membrana para o olho lesionado.

Constatou-se que no período de duas a três semanas após o procedimento, a córnea apresentou diminuição do aspecto esbranquiçado que evidenciava a lesão.

— Quando a lesão clínica era mais leve, houve maior melhora. As lesões mais graves apresentaram transparência parcial da córnea — aponta Bábyla. Passados cerca de três meses, a reversão do quadro foi praticamente total nas lesões menos graves.

Sem rejeição

A biomédica enfatiza a magnitude do projeto ao lembrar que essa forma de transplante não apresenta rejeição.

— Pessoas que sofreram lesões na região límbica por trauma, queimaduras térmicas ou químicas ou até as que realizarão um transplante de córnea em que houve rejeição poderiam ser tratadas.

O reconhecimento internacional da pesquisa já conduz Bábyla para a tese de doutorado, que trabalhará o mesmo assunto. Um dos temas abordados será o aperfeiçoamento dos procedimentos de reversão dos casos mais graves.

A pesquisa foi orientada pela bióloga e química Irina Kerkis, do Instituto Butantan, e teve o acompanhamento de oftalmologistas e pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), além da equipe do Laboratório de Genética do Instituto Butantan.

Fonte:CLICRBS-BEM-ESTAR

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Células-Tronco - Menino com traqueia ultrafina tem alta após operação pioneira.

Técnica combinou doação de órgão com células-tronco da criança e foi considerada bem-sucedida.

O britânico Ciaran Finn-Lynch, de 11 anos, que em março se tornou a primeira criança a sofrer um transplante de traqueia, teve alta do hospital para crianças de Great Ormond Street, em Londres, e voltou para casa na Irlanda do Norte neste fim de semana.Ciaran nasceu com uma traqueia de apenas um milímetro de largura e sobreviveu durante anos graças a instrumentos que alargavam o órgão. No entanto, eles também causavam sangramentos frequentes e lesões.

Em março, ele recebeu o transplante inédito, que utilizou a traqueia de um doador italiano e uma técnica que combinou células-tronco do próprio menino para diminuir o risco de rejeição.Há quatro semanas, os médicos declararam que a operação foi bem-sucedida."Ciaran atravessou algumas importantes operações em sua vida, mesmo antes do transplante de março. Ele é forte e manteve o astral alto durante todo esse tempo. Há duas semanas, teve uma aula de música ainda na UTI, onde tocou bateria e simplesmente adorou", afirmaram os pais do menino, Colleen e Paul.

A complicada operação de transplante foi realizada pela equipe do professor Martin Elliott, do hospital britânico, com o apoio de Paolo Macchiarini, pesquisador de células-tronco do hospital universitário Careggi, de Florença, e outros especialistas londrinos.Do órgão doado, foram retiradas células do doador, deixando apenas a armação de colágeno. Foram então injetadas células-tronco do garoto na armação.

Ciaran nasceu com estenose traqueal congenital, uma malformação rara caracterizada pela estreita via aérea. Quando nasceu, a traqueia media apenas 1 milímetro de largura.

"É como respirar através de um canudo", afirmou um comunicado do hospital.

Fonte:G1/BBC